Ansiedade, Medo e Pânico: Como Entender e Superar Esses Desafios Emocionais
- Silvia Helena
- 3 de out. de 2024
- 4 min de leitura

A ansiedade é um mecanismo humano que objetiva a preservação deste frente a situações de risco, seja ele real ou imaginário. Ela é uma experiência humana caracterizada por um sentimento desagradável e vago de apreensão e que pode ser acompanhada, muitas vezes, por sintomas físicos como diarréia, tonturas, cefaléia (dor de cabeça), hipertensão, inquietação, taquicardia entre outros. A ansiedade também pode alertar quanto às ameaças reais de lesões corporais, dor, possíveis punições ou frustrações de necessidades afetivas como, por exemplo, separação de pessoas amadas. Desta forma a ansiedade dita "normal" evita danos, alertando as pessoas para que realizem certos atos que prevenirão o perigo.
Já a ansiedade "patológica" configura-se como uma resposta inadequada e “desproporcional” à experiência vivenciada, caracterizando-se por uma sensação de amedrontamento frente ao que, efetivamente, NÃO representa perigo. Falando em medo, ele é tratado, quando perturba potencialmente a rotina das pessoas, como FOBIA. A título de curiosidade, a palavra FOBIA deriva de “Phobos”, deusa grega do medo.
O reconhecimento de que outras pessoas não consideram a situação em questão como ameaçadora, perigosa ou pavorosa não provoca alívio da ansiedade. Portanto, não adianta dizer para aquele que está com medo que tal sentimento é tolo e não tem razão de ser. Esse tipo de julgamento só atrapalha e faz com que a pessoa se sinta mais incapaz e sem apoio.
Vamos entender um pouco mais sobre os principais quadros fóbicos:
- Agorafobia:
A característica essencial da Agorafobia é uma ansiedade que aparece quando a pessoa se encontra em locais ou situações das quais sair dali (escapar) pode ser difícil ou embaraçoso ou, na maioria das vezes, em situações nas quais um auxílio imediato pode ser difícil, caso a pessoa venha a passar mal. A ansiedade agorafóbica pode ser, inclusive, antecipatória, ou seja, aparecer diante da simples possibilidade de ter que participar de determinadas situações. Essa ansiedade antecipatória pode levar ao afastamento (fuga) dessas situações, presumivelmente causadoras de ansiedade.
Este tipo de fobia pode ser a mais incapacitante de todas elas, pois sua presença pode interferir significativamente na capacidade de o indivíduo vivenciar e agir em situações sociais e profissionais fora de casa.
- Fobia Social:
As Fobias Sociais estão centradas em torno de um medo de expor-se a outras pessoas e têm, como consequência, o afastamento social, ou seja, estão relacionadas à pessoa que tem uma preocupação com o passar por humilhações, parecendo-se estúpido ou inapto na presença de outra pessoa, também à baixa autoestima e ao medo de críticas.
As Fobias Sociais fazem com que as pessoas percam experiências, vivam em isolamento e até mesmo dispensem promoções no emprego.
- Fobia Específica:
As Fobias Específicas têm como característica essencial o medo acentuado e persistente de objetos ou situações claramente discerníveis. São fobias restritas a situações altamente específicas, tais como: altura, escuridão, proximidade a certos animais, voar, comer certos alimentos, visão de sangue ou ferimentos e medo de exposição a determinadas doenças, etc.
O desenvolvimento de uma fobia específica pode resultar da associação de um objeto ou situação temida com as emoções de medo e pânico; quando um evento específico (por exemplo, dirigir) é associado com uma experiência emocional (por exemplo, um acidente).
- Pânico:
O Transtorno do Pânico se caracteriza pela ocorrência espontânea e inesperada de ataques recorrentes de ansiedade grave (ataques de pânico). Um ataque de Pânico é representado por um período distinto de intenso medo ou desconforto acompanhado por pelo menos 4 de 13 sintomas físicos ou emocionais. O ataque tem um início súbito e aumenta rapidamente, atingindo um pico, em geral, em 10 minutos, e acompanhado por um sentimento de perigo ou catástrofe iminente e um anseio por escapar. Os 13 sintomas físicos ou emocionais são: palpitações, sudorese, tremores, sensações de falta de ar ou sufocamento, sensação de asfixia, dor ou desconforto torácico, náusea ou desconforto abdominal, tontura ou vertigem, despersonalização, medo de perder o controle ou de "enlouquecer", medo de morrer, parestesias (anestesia ou sensação de formigamento) e calafrios ou ondas de calor.
Como os ataques de pânico são imprevisíveis, a pessoa desenvolve o medo de ter novos ataques, passando a evitar lugares ou situações que supõe que possam desencadear novas crises. Desenvolve outras fobias e passa muitas vezes a ter uma vida restrita, sendo incapaz de ficar sozinha ou de ir a lugares públicos, prejudicando-se socialmente e/ou ocupacionalmente em graus variados.
De acordo com as pesquisas, de 2 a 4% da população mundial é acometida por este mal, o qual já é considerado um sério problema de saúde. A causa desse grande número de casos possivelmente deve-se ao aumento da ansiedade patológica e as exigências da vida moderna.
As pessoas que sofrem deste mal costumam fazer uma verdadeira via-sacra a diversos especialistas médicos e, após uma quantidade exagerada de exames médicos negativos, recebem o frustrante diagnóstico de que não têm “nada”, aumentando ainda mais a insegurança e desespero. Sim, infelizmente algumas pessoas, inclusive do meio médico, ainda tratam tais sofrimentos como “frescura”. Quem já teve uma crise de pânico sabe que pode ser um dos sentimentos mais desagradáveis que pode se experimentar na vida.
Existe sim tratamento para problemas de ansiedade e medos que limitam as vidas das pessoas. Muitas vezes faz-se necessária a prescrição de medicação realizada, preferencialmente pelo médico psiquiatra e, exclusivamente, por um médico. Psicologicamente falando, as técnicas cognitivas visam, primeiramente, modificar os pensamentos. Os terapeutas cognitivos trabalham no sentido de promover mudanças nas falsas crenças em relação ao problema e a si próprio.
As técnicas cognitivas caracterizam-se por ensinar formas de autocontrole através das cognições (pensamentos). Partem do princípio de que as pessoas ansiosas percebem as situações como mais ameaçadoras do que realmente são, procurando identificar e corrigir essas distorções. Assim, a terapia cognitiva não visa reestruturar a personalidade, mas mudar as crenças e comportamentos disfuncionais de um indivíduo.
O apoio da família e dos mais próximos é fundamental para que o paciente que sofre consiga transpor suas dificuldades e encontrar segurança para trilhar seu caminho e prosseguir no enfrentamento das demandas da vida.
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