Tecnologia e Humanidade: Uma Busca por Equilíbrio

Proponho uma reflexão sobre o ritmo acelerado da evolução tecnológica frente ao ritmo inato do ser humano. Uma reflexão do ponto de vista do consumidor de tecnologia, mas também outra um pouco mais elaborada sobre quem produz a tecnologia, ou seja, os desenvolvedores, designer, avalistas e muitos outros, envolvidos na criação de conteúdo digital e novas tecnologias. Saliento que o texto não é uma crítica, mas sim um convite a pensar sobre quem somos e como interagimos com a tecnologia moderna.

Não podemos esquecer o fato de que somos seres vivos, dotados de instintos de sobrevivência, preservação da espécie, somos animais sociáveis (Aristóteles), extremamente adaptáveis ao ambiente. Não à toa que estamos aqui, em constante evolução cognitiva e comportamental, fato que nos levou a possibilidade de criar tantos outros recursos para nossa sobrevivência. A evolução leva tempo, é um processo lento, adaptativo e constante, do qual não nos damos conta, justamente pelo fato de sermos inseridos gradativamente a nova situação. 

Considerando o início da era digital a partir do surgimento do microchip em 1971, as mudanças a que fomos inseridos não foram tão gradativas. A vida passa a ter outro ritmo, ditado pela velocidade da evolução a que somos submetidos, e no caso da tecnologia podemos verificar mudanças no nosso comportamento social, hábitos e costumes. 

A minha reflexão sobre a problemática no que se refere a inserção da tecnologia, que obviamente influencia a evolução do ser humano como espécie, são os estressores associados às mudanças bruscas, que agora na era moderna tanto nos assombra, que é principalmente a ansiedade e depressão. Porém a lista de transtornos pode ser muito mais extensa. Do ponto de vista do consumidor de tecnologias e conteúdos, estamos quase que constantemente conectados a algo, dada a facilidade e disponibilidade, por meio de celulares, canais de streaming entre outros. É fato que essa disponibilidade constante tanto nossa quanto a oferta de conteúdo, é algo estressante a ponto de algumas vezes interferir na saúde em geral das pessoas. Quando menciono saúde, não digo no contexto de ausência de doença, mas ausência de relações sociais, afetivas e principalmente reflexivas acerca de nós mesmos e do nosso entorno. 

Me colocando agora do lado de fornecedor ou criador de tecnologias, que é o meu caso nó papel de desenvolvedor de software, nos deparamos com outros estressores, que com certeza a maioria dos profissionais conhece bem: prazo, qualidade, entrega, resolver problemas entre outros. Nesse momento, esquecemos que somos humanos e temos nosso tempo.

Devemos nos atentar às demandas e nesse momento o equilíbrio emocional vêm à tona. Note que não estou dizendo que é inevitável o estresse da profissão e nem que é uma regra tal pressão, afinal todas as profissões têm suas amarguras e alegrias. Quem produz conteúdo tecnológico sabe da satisfação e do prazer de um novo lançamento ou de uma nova descoberta.

Diante dos meus mais de 20 anos inserido no ambiente profissional da tecnologia, algumas coisas eu posso pontuar, que espero sejam úteis, sendo elas: todos os problemas são solucionados, tenha paciência e persistência; lembre-se que você pensa, cria e realiza dentro das limitações das nossas capacidade cognitivas atuais; quando as coisas parecerem fora de controle, pare, respire e contemple algo ao seu redor, seja uma planta, o céu ou até mesmo um gole de água. 

Considerando que somos seres únicos, cada um tem sua estabilidade emocional mais ou menos estabelecida e lidarão com essas questões estressoras da melhor maneira possível. 

Novamente, a proposta do texto é ser uma reflexão acerca a evolução tecnológica e sua inserção na nossa vida, e não uma crítica à tecnologia e de seus mantenedores e nem consumidores, afinal não podemos negar o benefício que a tecnologia nos trás, a facilidade em realizar diversas tarefas cotidianas e outros inúmeros avanços obtidos em diversas áreas.